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ECONOMIA Por EDUARDO GUERINI
O Eterno Retorno
Resgatando na memória o cálculo da crise fiscal do Estado brasileiro e o temeroso (sic) retorno da “década perdida” para sociedade brasileira. Na resiliente condição de uma republiqueta em recessão e desemprego.
No contexto da religião diz-se que sofremos do mysterium tremendum, um estranho medo que nos coloca na condição de desesperançados de nossas capacidades e autonomia de agência. É o humano buscando forças superiores para superar as dificuldades concretas da “dura realidade”.
As projeções econômicas para economia brasileira são revisadas semanalmente com um tom pessimista. O PIB - Produto Interno Bruto em depressão desde 2014 continua descendo ladeira, resultando em aumento do desemprego e queda na renda dos trabalhadores em todos os setores.
As perspectivas mundiais seguem orientadas para recuperação moderada com debilidade comercial, ou seja, 2016 será outro ano de crescimento global pífio fruto da crise financeira mundial. Neste contexto, a previsão de uma contração econômica de 0,6% na América Latina, e, um crescimento de apenas 0,5% no Brasil, provocam instabilidades terrenas insuportáveis para os latino-americanos e brasileiros.
O mundo caiu na “armadilha de baixo crescimento” com fase prolongada da estagnação impactando negativamente no potencial de crescimento da demanda global, indicando uma queda no comércio de commodities, pauta essencial do comércio exterior brasileiro. Não bastasse o cenário externo contraído, internamente, a demanda efetiva continua em queda fruto do aumento do desemprego e queda da renda, gerando uma crise fiscal da União, Estados e Municípios.
Os riscos provenientes da “calamidade financeira” fruto de uma política monetária que alimenta a ciranda financeira com taxa de juros excessivamente alta, impõe um prêmio para os bancos que financiam a dívida pública, reduzindo a capacidade de investimento, e, por encadeamento, retração no emprego, e, queda na renda. Por fim, cai a demanda agregada com retração na arrecadação da União, Estados e municípios.
Para evitar uma depressão global, uma política fiscal expansionista, com maiores gastos implicará no aumento da dívida pública, gerando inflação, provocando uma alta na taxa de juros que tornará a política monetária mais apertada, ou seja, o Banco Central continuará conservador, usando e abusando da política monetária ortodoxa.
Um governo obcecado pela ideia de “meta inflacionária”, com um Banco Central orientado pelo “cuore inflation”, com legitimidade restrita e popularidade em baixa, buscará nos estímulos fiscais os meios para retirar o Brasil do ciclo vicioso da crise.
Porém o mysterium fascinans - o aprisionamento que gratifica, indica que o quadro econômico e social, especialmente depressivo na atual conjuntura, ficará parecido com a década de 1980, o eterno retorno da lembrança da “década perdida”, período que os trabalhadores pagaram uma conta social, com sangue, suor, lágrimas e desemprego.
E qual a alternativa para os governantes? Lançar um pacote de reformas duríssimas que atacam “direitos sociais e trabalhistas” apontando quais serão os punidos e penitentes...
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