ECONOMIA Por EDUARDO GUERINI
Síndrome de Governos Corrompidos – A exaltação do insucesso!!
Nessas épocas de lenocínio, a autoridade é fácil de exercitar: as cortes se povoam de servis, de retóricos que parolam pane lucrando, de aspirantes a algum ministério, de alguns pulchinelas em cujas consciências está sempre dependurado o alvará ignominioso. (O homem medíocre. José Ingenieros, 2012)
O governo Michel Temer continua a propositura de reformas estruturais como alternativa para o Brasil sair de uma dolorosa recessão que se agravou no último trimestre de 2016, traduzido nas notas do COPOM – Comitê de Política Monetária, em sua 204ª reunião nos dias 10 e 11/01/2017, anunciando um corte de 0,75% na TAXA SELIC. Segundo os membros, a justificativa é que “O conjunto dos indicadores divulgados recentemente sugere que a atividade econômica segue aquém do esperado, inclusive no último trimestre de 2016, e que sua retomada deve ser ainda mais demorada e gradual que a antecipada previamente.”
O estado de expectativas pessimista se agravou após a divulgação do nível de atividade dos setores econômicos que apontam para uma recessão acumulada nos últimos 12 meses de -4,59% (novembro/2016), com diferenças regionais que indicam que a depressão e estabilização da atividade tem em comum, fragilidade nos indicadores de demanda, particularmente de consumo, afetados pela redução da massa salarial real, com elevação do desemprego geral, e, contração do mercado de crédito, resultante do elevado endividamento de famílias e empresas. A ociosidade na utilização produtiva e a restrição na condição de retomada de crescimento impulsionou o nível de desemprego e queda da renda dos trabalhadores. O crescimento da informalidade se traduz na potencialização do pessimismo no final de 2016.
Na conjuntura de agravamento e demora da retomada do crescimento, quais as propostas que ganham envergadura no governo, em seu consórcio de corruptos que esperam ansiosos pela “delação do fim do mundo”, processo que envolve 77 diretores da Construtora Odebrecht, desmascarando uma rede de corrupção jamais vista na história republicana brasileira? - As reformas estruturais que retiram direitos dos trabalhadores - Reforma Trabalhista e Reforma Previdenciária.
Tal degeneração da classe política brasileira, envolvendo um espectro de partidos da direita para esquerda, e, no seu centro, cria um ciclo de incertezas políticas, impedindo a decisão de investimento dos agentes econômicos, tendo em vista que, no curto prazo, as evidências apontam um enfraquecimento do poder político de Michel Temer e seus Ministros. No médio prazo, as tentativas de estabilização do nível inflacionário no centro da meta para 2017 e 2018 garantem uma solidez do corolário de política monetária expansionista, tal como apontado pelo Presidente do Banco Central. As previsões para um nível inflacionário de 4,0 a 4,5% nos próximos dois anos, é um fator positivo, sem contudo se traduzir em mudanças na lógica conservadora dos formuladores da política econômica.
O contraste da relativa euforia do governo Michel Temer nos indicadores econômicos se evidencia pela perspectiva de contínua degradação das condições sociais – continuidade da elevação da taxa de desemprego e queda na renda dos trabalhadores. Como toda decisão de política econômica é precedida de uma lógica política, a questão premente para retomada de novas batalhas no Congresso Nacional será levantar barricadas institucionais e unir forças contra a certeza que o crescimento nulo de 2017, conforme prognosticou o FMI em recente relatório sobre economia mundial e brasileira, imporá um círculo vicioso de miséria e degradação: trabalhadores desempregados terão flexibilização de direitos trabalhistas e morrerão sentenciados pela idade mínima para se aposentar. É a exaltação do insucesso de um governo corrompido!!